domingo, 4 de setembro de 2011

GUERRA E ESCAVAÇÕES TORÁCICAS --- WAR AND EXCAVATION THORACIC








Cada pessoa lida com os acontecimentos do seu jeito. Isso me fascina. Isso me assusta, também. Tem gente que é de guerra, gente de paz, e ainda há aqueles que preferem manter-se alheios a tudo que se passa ao seu redor.



Certo dia olhei para os meus pés e vi que não mais havia âncoras presas aos meus tornozelos. Noutro dia estava em outro mar, depois em outro, em outro… me acostumei a apenas assistir de longe a segurança da terra firme. Ela já não me atrai mais. Seria essa, a vida que eu sempre procurei? Aí é que reside o cerne da questão. A vida que eu sempre procurei é, justamente, viver procurando. É eternamente cavar fundo até encontrar, em peito alheio, um coração parecido com meu.






Tenho desistido da ideia de eterna felicidade. Desisti. Os momentos que a gente chama de bons momentos só são chamados assim porque existem também aqueles que queremos esquecer. Bons momentos são bombas de endorfina que amolecem os espinhos que nos insistem em perfurar as partes onde nossa pele é mais fina. E essas partes são muitas, principalmente quando estamos despidos de armadura (sempre?). Tendo isso em mente, faço o que está ao meu alcance para que esses momentos sejam numerosos, visto que eles jamais são duradouros. Endorfina vicia.



Tenho assistido a guerras, e não são as da tevê. Em mares que tangem os meus, existem explosões tentando atrair meus olhos. Explosões que pulverizam no ar todo tipo de sentimentos nocivos, perigosos. Quando tudo na nossa vida está em seu devido lugar, não nos passa pela cabeça a ideia de propalar aos quatro ventos essa falsa felicidade. Muito menos, os espinhos, que são de verdade. Forjada com lágrimas contidas, a felicidade anunciada se derrete com a chegada do primeiro sinal do amanhecer. Eu já fui para longe, e te deixo ir, contanto que não olhes mais para trás. Não com essa cara, e não com essas palavras escritas na testa.



Como é que tu pretendes lidar com isso? Conheço mil formas de se proceder; mais da metade delas parecem mais sensatas, ao meu ver. Nessa constante mudança de mares, tenho fugido para cada vez mais longe da fumaça dessas explosões. Hoje, distante a ponto de te ver como um minúsculo ponto próximo à curva do horizonte, encontro-me às portas de uma nova vida, aquela vida que eu sempre procurei: viver procurando. A memória recente de uma longilínea silhueta ornada pelos iluminados prédios da metrópole, mesmo sendo fruto de um mero retrato imaginário e possivelmente efêmero, tem me guiado para longe da tua guerra. E para cada vez mais longe da terra firme. Aqui a água é fria, e a hipotermia me força a dar braçadas cada vez mais convictas, em sentido oposto ao dos teus passos.






As baixas que a nossa guerra fria estampa nos jornais são justamente os sentimentos bons, os sorrisos verdadeiros e as memórias que valiam a pena serem guardadas.



Mortos um a um, restam apenas os feridos: eu e tu. (Lucas Silveira)


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Each person deals with the events of his way. It fascinates me. It scares me, too. Some people's war, people of peace, and there are still those who prefer to remain oblivious to everything that happens around you.One day I looked at my feet and saw that there was no longer anchors attached to my ankles. The other day was another sea, then another, another ... I got used to just watch from afar the safety of land. It no longer attracts me more. Is this the life I always tried?This is where lies the crux of the matter. The life I always tried is precisely trying to live. It is forever until you dig deep in his chest alien, a heart like mine.
I have given up the idea of ​​eternal happiness. I gave up. The moments we call good times are only so called because there are those who want to forget. Good times are pumps endorphins that soften the thorns that insist on drilling in the places where our skin is thinner. And these parts are many, especially when we are stripped of armor (always?). With this in mind, do what is within my power to make these moments are numerous, since they are never lasting. Addictive endorphins.I have seen wars, and not the TV. In touch upon my seas, there are explosions trying to attract my eyes. Explosions in the air to spray all kinds of feelings harmful, dangerous. When everything in your life is in place, do not enter our heads to the idea of ​​noise from the rooftops this false happiness. Much less, the thorns, which are real.Contained forged with tears, happiness melts announced the arrival of the first sign of dawn. I've been away, and let you go as long as they do not look further back. Not with that face, not with these words written on his forehead.How do you want to handle this? I know a thousand ways to proceed, more than half of them seem more sensible, in my view. In this ever-changing seas, have fled farther and farther away from the smoke of these explosions. Today, far enough to see you as a tiny point on the curve of the horizon, I find myself at the gates of a new life, the life that I always looked for: looking for living. The recent memory of a longish lines silhouette lit by ornate buildings of the metropolis, even if the result of a mere mental picture and possibly ephemeral, has driven me away from your war. And farther and farther from land. Here the water is cold, and hypothermia forces me to swim more and more convinced in the opposite direction of your steps.
The low that our cold war in print newspapers are just the good feelings, genuine smiles and memories that were worth being saved.Killed one by one, only the injured left: you and me. (Lucas Silveira)

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